sábado, 12 de setembro de 2009

Obra do acaso



Se não fosse provavelmente por mero acaso, num final de tarde, com a presença de jurados e garrafas de chardonnay e cabernet sauvignon sem rótulo, os vinhos californianos não seriam hoje um dos melhores do mundo. Ou melhor, sem situações fatídicas do dia-a-dia, talvez os vinhos franceses ainda seriam os mais prestigiados e mais caros do mercado.

Tudo decorreu de um crítico inglês dos vinhos, que habitava em Paris na época, chamado Steven Spurrier. Ele fundou L´Academie du Vin e propôs analisar os vinhos californianos na região de Napa Valley, na década de 70.

Em 1976, Steven organizou o famoso "Julgamento de Paris", um evento que consistia de célebres jurados submetidos à prova cega de degustação. O resultado foi surpreendente, e os críticos preferiram o vinho branco Chardonnay californiano, da vinícula Chateau Montelena, aos melhores da França, provocando um impacto revolucionário no mundo dos vinhedos.

O próprio Spurrier não esperava que os californianos ganhassem essa competição. O crítico afirmou que os resultados de uma prova às cegas como essa são imprevisíveis e não são reproduzidas no dia seguinte pela degustação da mesma carta de vinhos.

O fato de classificar os vinhos não é fácil, pois há muitas variáveis complexas em jogo, uma interação entre o paladar e o olfato, envolvendo uma mistura de 600 a 800 compostos orgânicos voláteis sobre a língua e o nariz.

É realmente obra do acaso interferindo em nossas vidas. Nesse caso, na vida do Steven e dos vinhos californianos.



Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Judgment_of_Paris_(wine)

O Andar do Bêbado, Leonard Mlodinow.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Numerati!





Terminei de ler o livro Numerati, muito boa a leitura, apesar de ser um pouco previsível. Mostra toda a engenharia de buscas por trás da rede mundial de computadores, como também toda a tecnologia a favor da humanidade, mesmo que para isso custe a perda da privacidade. Cada clique que damos vale muito dinheiro para as empresas de consultoria e de publicidade, até mesmo para as agências de segurança nacional. A otimização da coleta de dados pela net fica, a cada dia, mais preciosa e fundamental.

O autor do livro, Stephen Baker, jornalista americano da Business Week, divide em 7 capitulos os temas relacionados com: os trabalhadores, consumidores, eleitores, bloggers, terroristas, doentes e amantes.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Volta ao trabalho



Classificados 2, Correio da Paraíba, 16 de maio de 2009.

Convite de volta ao trabalho:

"Convocamos o funcionário Maria dos Santos, ajudante de Suhiman, CTPS XXXX Serie XXXPB a retornar ao trabalho no prazo máximo de 72 horas nesta referenda empresa onde há 14 dias não houve o comparecimento do mesmo."


Depois de uma investigação do caso sushiman, temos o veredito:

Em um dia ensolarado, como aqueles de contos mesmo, aparece uma catedral de mulher, uma morena de olhos verdes, esbelta e corpulenta, com lábios à la Angelina Jolie , e com um ar mais do que sexy. É o tipo de mulher que não tem como passar despercebida, até um ceguinho a olharia de soslaio, pelo seu cheiro ardente. Essa beldade vai almoçar sozinha no Assay, restaurante de comida japonesa, onde o Maria trabalha. O sushiman fica maluco e, num ato de insanidade, pergunta logo para a cliente, sem aguentar:

- Vamos sair juntos?? - fala o afoito Maria.

- Eu estou de saída para minha cidade, sou de São Paulo. Amanhã logo cedo estou voltando pra lá - responde a morena estonteante.

- Eu posso ir com você e tentar a vida por lá?? - atira o empregado, com um tom jocoso, mas com fundo de verdade.

- Pode sim, mas só se for agora - completa a mulher pra enlouquecer de vez o pobre coitado, que nunca esperava uma resposta como essa.

Como a resposta foi súbita e o Maria tinha pouco tempo para arrumar as coisas, viu que não daria tempo nem de avisar ao dono do restaurante o qual trabalhava. Ele queria ver aonde isso ia dar, e com aquela morena, Maria arriscaria até a vida, avalie o emprego. Foi correndo em casa resolver as últimas coisas e foi embora logo cedo com a tal misteriosa...

Sabe-se pela nota dos classificados que até hoje o dos Santos não voltou para preparar os peixes. Ele talvez diria que o seu peixe é outro.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Alfinetadas inteligentes




Quando Churchill fez 80 anos, um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:

- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos.

A resposta parecia estar pronta na boca de Churchill:

- Por que não? Você me parece bastante saudável.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pérolas de Maria!




Maria respondia às dúvidas dos leitores de sua coluna do jornal "Última Hora" com uma ironia fina e um deboche da alta sociedade carioca:

- Sr. Antonio Maria, é verdade que os casais se aproveitam da escuridão da boate? - pergunta uma leitora, querendo saber dos bastidores das grandes farras nas noites do Rio.

Prontamente, ele diz:

- Muito. E levam cinzeiros, as xícaras, os talheres e os guardanapos.


Parece que foi ontem que Maria escreveu essa deixa no jornal, mas foi em 1961. O talentoso cronista finge que não entende parte da pergunta, mas concorda com o todo: o mundo está mesmo cheio de sem-vergonhas!!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Um homem chamado Maria



Semana passada eu terminei de ler o livro "Um homem chamado Maria", do ex-jornalista da Veja, Joaquim Ferreira dos Santos, que delata com maestria a vida boêmia, glamourosa e ao mesmo tempo meio amarga do "bon vivant" das mulheres e das palavras: Antonio Maria.


Jornalista, comentarista esportivo, compositor e apresentador de tv, nascido em Recife, Antonio Maria foi logo cedo tentar a vida no Rio. Ao utilizar o seu talento indiscutível, o jogo de palavras, Maria marcou época nos jornais "Última Hora", "O Jornal" e "O Globo", dentre outros, ao escrever as suas crônicas diárias. Ele também fazia sucesso no amor: era um indiscutível mulherengo e conselheiro amoroso. Dizia que só precisava de duas horas de papo para as beldades esquecerem o seu rosto, e inebriava qualquer salão da década de 50, seja na boate Vogue ou no Sacha´s, todas elas suas residências mais fixas na época.


Suas valiosas amizades da época se destacam, naipes como Vinícius de Morais, Ary Barroso, Fernando Sabino, Chico Anysio, o ainda desconhecido Chacrinha, Danuza Leão, e tantos outros artistas e compositores consagrados hoje no Brasil e no mundo.

Maria também compôs pelo menos nove obras-primas da música popular brasileira: Ninguém me Ama, As Suas Mãos, O Amor e a Rosa, Menino Grande, Se Eu Morresse Amanhã, Frevo Número Um do Recife, Valsa de uma Cidade, Canção da Volta, Manhã de Carnaval. Infelizmente, hoje não há a devida divulgação da mídia brasileira em relação às músicas do pernambucano e o reconhecimento de um grande repercursor do samba-canção brasileiro.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

As aparências "realmente" enganam!


Essa semana foi marcada pela desempregada escocesa Susan Boyle, que se candidatou para o programa de TV britânico "Britain's Got Talent", semelhante ao Idolos no Brasil.

Ela subiu ao palco, descabelada, meio sem graça e com direito a gracejos maldosos do público, declarou os seus 47 anos de idade. O público desdenhava daquela figura singular. Pior ainda quando disse aos jurados que sonhava ser uma cantora profissional. Muitas risadas se ouviam.

Quando começou a cantar "I dreamed a dream", de Les Miserables, ela deixou todos os presentes abismados com a sua voz estonteante de estrela de musicais da Broadway, inclusive os jurados que se entreolhavam pois não acreditavam na cena. A platéia aplaudiu a apresentação de pé.

Aquela mulher não tão bela em relação à sua voz, mas de uma intensidade tremenda ao cantar, que arrepia cada vez que se vê a cena, evidenciou o preconceito banal que muitas pessoas tem à respeito da beleza aparente. Muitos presentes demonstravam desprezo e descrença na senhora que estava disposta a passar por cima de todas as barreiras.

Resultado: Susan já é uma celebridade no mundo todo e já foi convidada por diversos canais norte-americanos, inclusive o "The Oprah Wimfrey Show", na CBS. Realmente uma lição de vida para todo mundo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Obamismo



Seria mesmo indícios de socialismo? Ou uma política meio comunista meio capitalista? É o que hoje os americanos de direita radical se perguntam sobre a política de Obama face a crise mundial.

Depois da doação de 180 bilhões de dólares para a maior seguradora do mundo, a AIG, o governo Obama tem recebido duras críticas.

O presidente norte-americano não pode deixar falir uma empresa considerada de grande porte como a AIG, mas também não pode doar bilhões para melhorar a situação da bolsa. Assim fica complicado. O economista ganhador do Nobel de 2007, Eric Maskin, comenta na Veja dessa semana que a estratégia evidente é ajudar essas companhias, se preciso for, estatizá-las e depois privatizá-las ao acabar a crise. É um processo meio comunista que, na verdade, ajuda a engrenagem do capitalismo, tudo no seu tempo certo.

Fica a questão se essas medidas vão prejudicar a concorrência, ou seja, se os bancos e seguradoras menores que, apesar da crise, estão crescendo, vão despencar já que não receberam incentivos federais. Nesse caso, pode ocorrer um certo medo dos correntistas já acanhados no momento, piorando ainda mais a crise financeira.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Frost / Nixon


Eu começo minha postagem falando do filme Frost/Nixon, indicado ao Oscar mês passado, lançado em 2008 e dirigido pelo experiente Ron Howard (Uma mente brilhante e A luta pela esperança).

A película retrata a entrevista do ex-presidente Richard Nixon (o excelente ator Frank Langella) realizada pelo apresentador sensacionalista de tv britânico David Frost (o ótimo Michael Sheen), já um pouco decadente na mídia norte-americana. Em 1977, depois de três anos longe dos holofotes, Nixon aceita participar de uma série de entrevistas para esclarecer o escândalo de Watergate, já que o presidente renunciou ao cargo e não pediu desculpas nem muito menos se explicou diante do povo estadunidense.

O Frost não tinha muita a ver com política, mas tinha a idéia centrada no inédito perdão de Richard Nixon diante da mídia americana, com o objetivo de reconquistar a reputação dos telespectadores. Em contrapartida, o ex-presidente aceitou o convite pensando em manipular facilmente a situação com a sua lábia e convicção, e retocar a sua imagem para o mundo. Sendo assim, as entrevistas tornaram-se verdadeiras batalhas e lutas de ambas as partes, não com pernas e braços, mas com a poderosa língua.

Como bem retratou a revista Super Interessante desse mês, podemos fazer uma adaptação para nossa história. Imagine-se em 1995, 3 anos depois da renúncia, o nosso ex-presidente Fernando Collor de Mello topa ser entrevistado em rede nacional pelo nada mais nada menos apresentador Otavio Mesquita (A Noite é uma Criança, Band) para confessar as denúncias do seu irmão Pedro Collor (edição Veja de 27 de maio de 1992). O filme demonstra essa diferença dos dois nas conversas.

Para a surpresa de todos, o Frost consegue o que queria e vence a batalha de entrevistas com o eloqüente Nixon, e o perdão é dado para os eleitores que não haviam engolido até aquele momento uma parte nebulosa da história americana.


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Vejam o trailer do filme no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=Ibxs_2nDXUc

O retorno!

Ola à todos!

Desde 2006 que eu não converso com vocês por aqui, mas agora decidi voltar para valer mesmo. Eu quero sempre manter esse contato sem compromisso, uma conversa light, para aliviar o estresse do nosso dia-a-dia.

Muita coisa aconteceu na minha vida de "la para ca", como por exemplo o teclado que eu estou usando agora é francês, pois acabo de chegar de um intercâmbio na França de 1 ano e 2 meses. Isso explica a falta dos devidos acentos no texto. Em breve, vou providenciar um teclado português.

Enfim, tenho muitas "poucas e boas" para contar para vocês.

Abraços.