quinta-feira, 28 de julho de 2005

Força de vontade


Dia desses, eu estava no ônibus, indo pra universidade, quando subiu de repente um caixeiro-viajante, já falando alto, anunciando seu produto. "Atenção pessoal, estou vendendo vários itens, pomadas, xaropes, remédios, calmantes, bactericidas, antidepressivos..." Tudo que você imaginar ele vendia. Até laxante tinha. O preço: 1 mísero real, ou apenas um passe. Ele não parava de falar. E anunciava o seu ganha-pão, o seu sustento. Eu achei interessante aquela figura baixa, com bigode ralo, a rondar pelo ônibus, com uma mala nas costas. Quando me aproximo, noto que me era familiar. Já o tinha visto em algum canto. Era só impressão mesmo. Quase que o chamava. Brasileiro é tudo igual mesmo. Mas ficou na minha memória o resto do dia, aquele homem astuto, fazendo a propaganda do seu trabalho. Enquanto muitos na rua, a roubar e ser preso, ele lá, nos ônibus, falando alto e vendendo pomadas...

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Assassinatos na Academia Brasileira de Letras!


Nada como ler um livro de manhãzinha, em pleno domingo, depois do café. Muito bom! Tentem fazer isso em casa. O livro que acabei de ler recentemente foi “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”, mais nova criação de Jô Soares, lançado agora há pouco. Ele retoma o modelo de paródia policial, como em O Xangô de Baker Street, com suas deixas jocosas e bem-humoradas. A história se passa no Rio de Janeiro, na áurea década de 20, muito bem retratado pelo autor, em plena construção do Cristo Redentor e do recém inaugurado Copacabana Palace. Revela também as figuras ilustres da época, como os escritores Graça Aranha e Coelho Neto, e o jogador Preguinho. O personagem principal é o comissário mulherengo Machado Machado, que tem o seu nome duplicado devido à admiração do pai ao escritor Machado de Assis. O policial tenta desvendar os mistérios que permeiam na Academia, onde os literatos são furtivamente envenenados, um atrás do outro. E Jô não poderia escolher um local mais cômico que a ABL para suas pilhérias, com aqueles velhinhos de fardão amarrotado, em torno do chá das 5, orgulhosos com o seu ego. O autor destaca as desavenças entre alguns acadêmicos. A politicagem local em torno da escolha de um novo membro, com todos os seus vícios e deméritos, valendo-se mais de interesse ao talento. Enfim, a obra é uma diversão garantida para quem curte não uma trama policial, mas um enredo cheio de gracejos e erotismos momentâneos. Recomendo a todos!